Uma pesquisa realizada pela EDC Group, multinacional focada em consultoria e outsourcing de RH, revelou que profissionais que ocupam cargos operacionais expressaram mais receio de que suas profissões sejam substituídas por ferramentas baseadas em inteligência artificial generativa.
Segundo o estudo, 16% desses trabalhadores temem a reposição, enquanto somente 3,4% dos gestores e líderes compartilham desse medo. O estudo mostra que, conforme o nível hierárquico sobe, o medo diminui. Entre os cargos, auxiliares e assistentes são aqueles que possuem o maior número de indivíduos que temem perder o emprego para a IA generativa, com 43,10%, seguido por analistas, com 39,66%.
Segundo o CEO da EDC Group, Daniel Campos Neto, o temor é compreensível já que essas funções, em sua maioria, envolvem tarefas repetitivas e padronizadas, que são mais suscetíveis à automação.
“No caso da IA Generativa, a percepção é coerente, pois estamos lidando com uma tecnologia que, além de ter a capacidade de executar essas atividades com maior rapidez e eficiência, também é capaz de realizar algumas tarefas intelectuais, o que a diferencia de inovações anteriores, como a automação industrial.” explica.
Apesar do receio, o cargo de analista é o que mais utiliza a tecnologia no trabalho (78,05%). Enquanto os auxiliares e analistas foram os respondentes que mais afirmaram não utilizar a ferramenta (39,06%), este também foi o grupo que mais notou um impacto positivo na produtividade, com 14,84%.
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Os dados da pesquisa revelam um cenário de crescimento contínuo da utilização da IA generativa, apesar de algumas diferenças de como e por quem ela é aplicada. De acordo com o levantamento, 72,50% dos respondentes utilizam ou já utilizaram a solução, sendo, em grande maioria, jovens de 18 a 34 anos (83,08%).
“A maior adoção da IA generativa entre os jovens está possivelmente relacionada a maior familiaridade desses indivíduos com tecnologias emergentes e sua rápida adaptação. Já as pessoas acima de 35 anos, que muitas vezes ocupam cargos de maior nível hierárquico e menos operacionais, podem demonstrar menor uso por não sentirem a mesma necessidade de automação em suas atividades. Além disso, essa geração cresceu em um ambiente profissional menos digitalizado, o que pode contribuir para uma resistência natural”, explica Campos Neto.
Entre os gêneros, foi constatado que as mulheres utilizam mais a ferramenta do que os homens (67% x 60%) e em ocasiões diferentes. Enquanto a aplicação nos estudos e no trabalho é maior entre o gênero feminino (14,17% x 8%), a adoção nos estudos e no dia a dia é maior entre os indivíduos do gênero masculino (6,67% x 3,15%).
Quando perguntados sobre a otimização da produtividade, 93% dos indivíduos que utilizam a tecnologia no trabalho confirmaram que a ferramenta otimizou em algum grau a sua produtividade. Para o CEO da EDC, os dados indicam que, mesmo em níveis mínimos, a tecnologia já está contribuindo para melhora da produtividade de muitos profissionais. “Isso evidencia que, apesar das preocupações, a tecnologia está sendo vista como uma ferramenta poderosa, capaz de transformar rotinas e agregar valor às atividades diárias”, afirma.
Apesar do avanço na utilização da IA, a ferramenta ainda carece de certas características que somente os seres humanos possuem, sendo esse o seu principal desafio. De acordo com uma pesquisa realizada pela rede social LinkedIn, das dez habilidades mais procuradas pelos recrutadores no Brasil em 2024, sete são comportamentais, demonstrando que, mesmo com o uso crescente da inteligência artificial, as habilidades interpessoais continuam essenciais.
“Por mais que a ferramenta seja capaz de transformar o mercado de trabalho, ainda existem limites para sua atuação em tarefas que exigem certas características e competências, como empatia, capacidade de trabalhar em grupo e intuição. Ou seja, quem possui as competências que nos diferenciam das máquinas estão mais bem posicionados no mercado de trabalho”, explica Campos Neto.
Além disso, segundo o executivo, embora muitas pessoas temam ser substituídas, é importante lembrar que a adoção de novas tecnologias historicamente trouxe novas oportunidades, criando funções e o desenvolvimento de qualidades que apenas os humanos podem oferecer. “Historicamente, esses avanços têm gerado mais oportunidades do que prejuízos. O desafio é nos adaptarmos, desenvolvendo habilidades complementares que tornem a tecnologia uma aliada e não uma ameaça”, conclui.
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